quinta-feira, 5 de julho de 2012

Primeiro dia do 6º Paladar Cozinha do Brasil - parte 2

Se o comecinho do Paladar já estava bom, foi tudo ficando cada vez melhor! E eu tive um super extra, logo no primeiro dia: um encontro com o chef brasileiro mais bem sucedido da atualidade, que comanda a cozinha do 4º melhor restaurante do mundo, Alex Atala. 


Simpático e receptivo como sempre, tivemos um rápido bate papo, onde ele me contou que passou o carnaval desse ano aqui na nossa vizinha Aquidauana, sem badalação, em uma fazenda. Também falamos sobre a primeira edição do evento, há seis anos atrás, lá na Anhembi Morumbi e, claaaaro, eu lembrei que fui sua sous chef :-)

PEIXES E CÍTRICOS - ALBERTO LANDGRAF


Depois de ganhar meu dia e minha ida à São Paulo, fui à terceira aula do dia, ministrada pelo chef Alberto Landgraf. Eleito chef revelação na última edição de "Comer e Beber" da Veja São Paulo, Alberto, dono do restaurante Epice, preparou uma harmonização de peixes com acompanhamentos cítricos, começando pela Cavalinha curada sauté com purê de limão siciliano:


O chef explicou que a cavalinha é um peixe extremamente oleoso, barato, de carne muito delicada e que tem pouca perda. Como proteína gorda vai bem com sal, ele optou por curá-la e escolheu um delicado purê de limão siciliano como guarnição. 


O segundo prato foi um olhete marinado com vinagrete de cenouras. O olhete parece um atum pequeno, também tem um alto teor de gordura e é muito valorizado na culinária japonesa. Como disse o Alberto: "Se japonês disse que um peixe é bom, pode comprar, porque eles são especialistas". O chef optou pela cocção através do suco de limão e a o peixe ficou super macio e com sabor delicado. Uma delícia!


Para finalizar, uma garoupa confit, sobre um molho de iogurte. Nova queridinha do chef, a garoupa é um peixe gelatinoso, que lembra o bacalhau. Apesar de não ter um preço muito elevado, há muita perda durante a limpeza, o que torna seu custo bem salgadinho. Típico de Santa Catarina e Espírito Santo, esse curioso animal pode trocar de sexo durante sua vida, quando atinge uma faixa de peso. Imaginem!!!

O mais legal dos pratos do Alberto é que todos eles eram assim: se vc comia o principal ou a guarnição separados, eles sempre pareciam ou muito salgado, ou muito cítricos ou meio sem graça. Mas, juntos, uma harmonia perfeita! Eles se complementavam e acentuavam as características melhores de cada ingrediente, num casamento ideal. Adorei!


A CERVEJA BRASILEIRA - ROBERTO FONSECA


Que tal terminar o dia de Paladar com uma degustação de cervejas brasileiras?  O especialista em cervejas e colunista do Paladar, Bob Fonseca optou por rótulos brasileiros que homenageavam bandas de rock, com direito a suas músicas como harmonização.


Como eu não sei quase nada sobre cerveja, hoje entendi o que pessoas sem noção de vinho sentem em uma harmonização da bebida. Boiei em um monte de nomes e às vezes parecia que eu tava ouvindo grego, hehehehe... mas, eu sou esforçada e anotei todas as informações. Além de, claro, ter experimentado todas com muita atenção :-)


A primeira cerveja foi a Hellbier, produzida pela Mistura Clássica, em homenagem ao grupo Blues Etílicos. Os entendidos disseram que ela tem malte e lúpulo adocicados, com toques florais e cítricos. É uma cerveja leve, que pede o próximo gole.


A segunda cerveja homenageou os 25 anos da banda de metal mais conhecida do Brasil. A Sepultura Weizen é produzida pela cervejaria Bamberg, tem a cor dourado claro e até eu que não entendo muito consegui sentir na boca o gosto de banana. O Bob contou que esse sabor predominante de cravo e banana é típico da cerveja com levedura da escola alemã.


Demos uma pausa nas garrafas para degustar um barril de 50 litros da cervejaria Coruja, chamado Labareda. Essa bebida havia sido lançado apenas 3 dias antes, em Porto Alegre, em homenagem a Wander Wildner, da banda Replicantes. Era uma lager, de malte defumado, com base na keller bier, com acentuado sabor picante.


Voltando às garrafas, foi a vez da "Camila, Camila", também produzida pela Bamberg. A conhecida música do Nenhum de Nós foi escolhida para dar nome ao rótulo de homenagem ao grupo. O Bob falou para procurarmos identificar as notas de malte e biscoito e também a boca de lúpulo herbal e amargor final intenso. Ele também disse que havia uma leve "sensação de papel", indicando que havia uma oxidação não esperada. Por isso, ATENÇÃO à data de validade das garrafas. Procure sempre as mais novas.


Em seguida, entramos em uma India Pale Ale, que homenageia os 25 anos da banda Velhas Virgens.  Produzida pela Cervejaria Invicta, a bebida apresentava também as notas de biscoito e malte, além de mel e caramelo. Tem um sabor equilibrado, mesmo com o final seco e amargo.


Algumas coisas das degustações de vinho me serviram nessa hora, e eu sabia que toda degustação segue um crescente, do mais fraco ao mais forte. Portanto, a última cerveja era porreta! A India Black Ale Hop to Thrill foi uma homenagem ao som pesado do ACDC. O nome do rótulo foi um trocadilho com a música do grupo, Shoot to Thrill, e a palavra lúpulo em inglês. Criada por um cervejeiro caseiro de Tackelbier, Rubens Deeke, e feita com um lúpulo chamado "Zeus", tinha  características da escola americana, bem cítrica e encorpada e com muito malte torrado e sabor de chocolate.

Essa foi a única aula que minha companheira de viagens, Lud, me acompanhou (de boba a moça só tem a cara, rs) e nós não só nos divertimos, como também ficamos mais fãs das cervejas especiais e até aparecemos no vídeo do Estadão (olha a fama aí, hahahah):


Depois de tanta cerveja, o jeito foi sair para curtir minha primeira noite na Terra da Garoa! Conto tudo depois :-)

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