quinta-feira, 19 de julho de 2012

Terceiro dia do 6º Paladar Cozinha do Brasil - Parte 2

E finalizando os posts sobre a minha participação na sexta edição do Paladar Cozinha do Brasil, uma aula especial para combinar com a novela das 11 e uma degustação a cegas de vinho.

A COZINHA NA LITERATURA DE JORGE AMADO - PAULINHO MARTINS


 Comemorando o centenário de Jorge Amado, o chef Paulinho Martins criou um menu degustação todo inspirado nos livros deste grande escritor brasileiro e fez os participantes entrarem no clima da regravação de Gabriela. 

Depois do estudo de suas obras, o passo seguinte foi ter uma conversa com sua filha, Paloma Amado, para descobrir o que ela considerava essencial na relação de Jorge Amado com a culinária. Paloma contou que seu pai se auto denominava um baiano romântico e sensual. E foi essa sensualidade que levou o chef a desenvolver um prato rico em elementos, cores e aromas afrodisíacos, a "Moqueca de pitu sobre moqueca de jaca dura, com bolinho de arroz, coco e castanha de jaca". 

Já o prato com lambreta e aipim foi uma referência direta à cidade que sempre aparece nos livros de Jorge Amado, São Jorge dos Ilhéus. A lambreta lembra um vôngole maior e é muito típico da cidade baiana.


Depois começaram as degustações (oba!). O primeiro prato que chegou à nossa mesa foi o quibe cru de guaiuba com salada de cebolas e hortelã ao molho de iogurte e pepino. Essa receita fácil e deliciosa foi a forma que Paulinho encontrou para retratar a influência árabe na culinária de Ilhéus e na obra de Jorge Amado (lembram-se do turco Nacib, paixão de Gabriela??).


O segundo prato foi uma salada de feijão de corda com rosbife de capivara, que impressionou toda a platéia e é uma homenagem ao livros da fase "sertão" do escritor.


Para fechar, o maravilhoso arroz de pato da Gabriela, cozido com cravo e canela! O chef explicou que, em sua conversa com Paloma Amado, questionou se seu pai havia desenvolvido um paladar internacional ou era fã apenas da cozinha brasileira. Paloma disse que ele adorava a culinária européia e era apaixonado pelo magret francês e o arroz de pato português. E daí surgiu esse prato, uma homenagem também à personagem mais famosa de Jorge Amado, estrela do remake da Globo.

Paulinho ainda nos contou sobre a receita preferida do escritor: rabanada com coco! Mas esse não teve degustação :-(. Foi só pra aguçar a curiosidade...

As receitas de todos os pratos estão no link:

VINHOS DO BRASIL E DO MUNDO - LUIZ HORTA


Encerrando minha participação no Paladar de 2012, nada melhor do que uma degustação às cegas de vinhos, conduzida por Luiz Horta. Com as dicas de que a maioria dos rótulos era de brasileiros e feitos com merlot (varietal ou corte) ficamos ali, um a um tentando adivinhar quais eram os países e regiões dos vinhos nas nossas taças. Além de, claro, fazer nossas análises sensoriais.


  1. O primeiro vinho era jovem, com muita especiaria, boa acidez e pimenta no nariz;
  2. Com nariz mais fechado, taninos pronunciados e pouco corpo, este tinha um gosto bem acentuado de chiclete de tutti frutti ou aquelas bananinhas passas;
  3. O terceiro rótulo era leve, pouco tânico, com bastante fruta vermelha e aroma floral, sendo perfeito para bebericar durante muito tempo;
  4. Este vinho apresentava um aroma fechado, com taninos agressivos e que não devem mais evoluir. Também tinha um gostinho de chiclete e um retrogosto bastante curto;
  5. O quinto vinho estava bouchoné e foi deixado de lado :-(
  6. Essa taça  começou bastante promissora, com um forte defumado, cor mais fechada, muito corpo e untuosidade. Apesar de não ter fôlego para chegar com a mesma potência no final, eu achei bastante elegante e foi o meu preferido :-)
  7. O sétimo vinho tinha um aroma mais fechado, cor rubi bem forte. Era austero, com uma acidez volátil, muita fruta madura, madeira pronunciada e bastante tanino. Gostoso na boca, mas pede comida;
  8. No oitava eu já tava meio cansadinha de tanto vinho, rs.... Acho que não dou conta de ir naquelas feiras em que se degusta 48 vinho, não!! Mas consegui perceber uma boa acidez e taninos redondos;
  9. Esse foi para substituir o quinto vinho e não estava com defeito, mas também não agradou muito porque tinha muita fruta e já parou de evoluir.
E agora, vejamos os rótulos:

  1. Joaquim Vila Francioni, 2008, cabernet sauvigon/merlot. Serra Catarinense;
  2. Bordeaux Supérieur, 2009. Chateau Turon la Croix, Medoc;
  3. Quinta do Seival, castas portuguesas, 2008. 50% Touriga Nacional e 50% Tinta Roriz;
  4. Bourdeaux Supérieur genérico, 2009;
  5. Esse era o bouchoné e é de praxe não mostrar o rótulo;
  6. Dom Laurindo Tannat Reserva, 2005;
  7. Pizzatto DNA 99, single winer, 2005. Vale dos Vinhedos;
  8. Miolo Terroir merlot, 2009, Vale dos Vinhedos;
  9. Marco Luigi, Cabernet Sauvignon, 99.
E ainda tivemos dois presentinhos extras: Um Elos 2008, Touriga/Tannat, Lídio Carraro e um Dom Cândido Documento Merlot 2009.



Depois de tantos vinhos, o Luiz Cintra fechou a degustação com a conclusão de que o Brasil ainda não é o número 1 em produção de vinhos de qualidade, mas que evoluímos nos últimos 10 anos e estamos indo muito bem, obrigada! Ele ainda completou com a observação de que o Brasil já produz ótimos rótulos para o dia a dia, com garrafas de até R$100,00 (!!!!!!!????). Ok... mas eu fico com meu colega Diogo Wendling e continuo achando bem caros vinhos do dia a dia a R$50,00. Ainda estou na faixa dos vintão!!! Acima de R$ 30,00, só de vez em quando :-)



E é com um tim-tim, desejando saúde a todos, que me despeço dos posts sobre esse evento tão importante para nossa gastronomia. Até o próximo Paladar Cozinha do Brasil!!!



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